O Frêmito

 

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Gris Poente

(Estevão Daminelli)

Noite
no meu amanhã
no nosso
retrato de como será
seria
no mais eu volto pro mar

Vou se cabe patir
ou retroceder
se é de ficar
eu fico
e o mar seja o nosso talvez

Chega assim
como num gris poente
em que não se pode ver o sol
fatalmente os nosso olhos
vão desencontrar
alhures...


Depois de tanto

(Kassio Moreira)

Quero lhe dizer bom dia
e resmungar qualquer besteira
que lhe arranque algum sorriso
e faz de você:cor de cereja.

Pode caminhar serena
segura a cada passo dado
não perca tempo se preocupando
desse rapaz você tanto.

Não entendo de poesia
tão pouco sei fazer canção
depois de tanto fiz esse canto
pra que lhe sirva de acalanto.


Oferenda

(Diogo Franchellis/Mariana Campos)

Ofereço a você,
Chá na lua, sonho ao léu,
Corpo meu, nu
Corpo teu, nu
Corpo meu, nu corpo teu,

Pedacinho na terra de céu,

Sinhazinha, no balanço da cadeira de palinha,
Que parece que adivinha,

Princesinha, moça dos contos de amor da carochinha,
Quem quer ser minha rainha,

Sinhá mocinha, com seu brinco e seu colar de água-marinha,
Que me quer na camarinha.


Horizonte Imediato

(Estevão Daminelli)

Ouvi dizer
do mar a gota
que saltou-lhe à vista turva,
lágrimas e chuva
amalgamados num
balé confuso.

Encarar as dissonâncuas e cantar
apesar do tom menor
que nos assombra

o horizonte imeditao.


Fácil dizer
de nós o Outro
que pretenso permanente
fez clarear
no tempo mesmo
em que nos revelou a noite

Encarar o desconcerto
de uma extrema lucidez

que não se compreende e
mergulha em breu mais uma vez.


Metro de Ferrugem

(Diogo Franchellis)

Passe o metro de ferrugem,
Passo a passo com arrojo,
Passe livre de desgosto,
Feitoria sem prazer,

Seu lazer é sono pouco,
Pouco tempo pra esquecer,
Pouco tempo pra perder,
Nesses mares de ilusão,

E o braço contra-feito,
Jaz no peito e sem respeito,
A boca cospe o nacional,

Maria sabe quanto vale o capital

Pão e circo pra galera,
A bola rola, o peito estoura,
O coração quase pra fora,
Inflamado de emoção,

João Francisco sem balela,
Quer ganhar o seu quinhão,
15 horas sem descanço,
Por seu time campeão,

O aumento tão distante,
Faz João olhar adiante,
E mediante a tantas promessas,
Tão escuras, tão avessas,
15 horas sem descanço,
Parece coisa natural,

Maria sabe quanto vale o capital.


Blues do Encontro

(Estevão Daminelli)

Acho que agora
Compreendo menos
E me importo menos com a solução

Aprendi nos dedos
A contar os erros
E perder as contas para dar vazão

Acho que a tristeza é outra dimnensão
Longe de qualquer lugar
E faço por onde não levar comigo
Os dias que deixei por la

O amor me fez valente
De rir no teu sorriso
E de enchergar no teu olhar
Uma penca de motivos para cantarolar
Na delícia de encontrar um par.


Serena           

(Diogo Franchellis)

Chega,
Chega de gritar vermelha,
Cuspir mentira em mim Serena,
Pequena....morena...

Chega vai,
Chega, então...
Serena,

Chega,
Tua vida é uma brincadeira,
Desfaz, refaz, me faz denovo,
Teu bobo, teu jogo,

Nunca mais, vou brincar denovo,
Solidão é o meu consolo,

Vou sem saber se devo voltar aqui,
E a culpa que sinto outra verz em faz suplicar,
Um corpo sem sonhos,

Serena...
As águas perdidas,
Agora são lembranças sofridas,
Demora e não cicatriza,
E sangra, e sangra e...

Serena,
Ser e nascer,
Viver, sofrer sem ter motivo algum,
E as horas que correm e assim,
Não voltam, não voltam, serena...


Manjar                                  

(Alan Nery/Diogo Franchellis)

Faz da tua janela um altar
Que eu já estou a chegar, pequena
E faz aquele seu manjar
Que trago flores azuis-desculpa

a barba feita e o coração inteiro
Faz a cama e tira teus lençois usados
Que chego novo e lavado de amores do passado (Deixa, Ia Ia)

Deixe, Ia Ia, que o café sou eu quem faço
Pois o teu café é fraco, e isso me deixa pra baixo
Mais eu tô chegando com uma sacola de presentes
Um vestido bordado e um vinho importado

Tô vindo pra te ajudar naquele tricô
Que agente deixou pela metade, e isso traz má sorte meu bem,
Daqui pra frente nada de saudade
Agente muda de cidade e compra tudo novo

Mas promete, ia ia
que todos os dias vais fazer daquele teu manjar
que é pra eu me comportar, ia ia, pra me comportar

La lalala Ia Ia, Ia Ia,
Lalala Ia Ia, Ia Ia,
Deixa Ia Ia


Mar em Paz

(Diogo Franchellis/Estevão Daminelli)

Agradeço a ti mulher,
E compro esta verdade,
Faça a chuva que fize, venha o vento que vier,
Carregarei o peso da saudade,

Não, não vou mais me iludir,
Vou ficando por aqui,
Essa dor ja deu o que tinha que dar,

Meu arfar, meu penar, meu desejo,
Sufocados pelo ensejo de traze-la para ca, dentro de mim,

E é tudo ansia, é tudo ilusão,
Quero chorar meu mar em paz,
E não quero muito mais além dessa solidão


Lucydez - Do Lado de Fora

(Estevão Daminelli)

Do lado de fora
Enquanto você dormia
Choviam os dias e os aviões
Nem um sinal
Nem um sinal das paz
E das palavras doces das canções

Vou vender a minha lucidez
Cambiar por algo novo
Que me faça ver
O que se passa

Então vamos embora
Buscar o que nos é devido
Atar os nosso descaminhos no ar
E no final
E no final a paz
Vai habitar os duros corações

Quando enfim chegar a minha vez
Abro mão do meu sufoco
Que pra ser feliz
Só basta um pouco

Se o mundo acabar em solidão
Quando for uma pedra em cada mão
Me diz: o que vão fazer dos nosso sonhos?